Compliance – Se fazer presente, mesmo no isolamento
A pandemia do vírus Covid-19, como já se esperava, está derrubando bolsas de valores, desacelerando a atividade industrial, aumentando os índices de desemprego e afetando desde grandes conglomerados multinacionais a médias, pequenas e micro empresas.
A recessão econômica global prevista já para o segundo trimestre de 2020, será sem precedentes. Nenhuma economia está imunizada. O “fechamento” de países e cidades está trazendo um efeito cascata de paralisação temporária em diversas atividades econômicas como o comércio, turismo, esportes, transportes, educação, dentre outros.
Esse contexto traz também desafios conhecidos da área de compliance: a pressão por resultado e a interação com agentes do públicos.
Os resultados já estão prejudicados e a corrida será para salvar o que for possível. Com isso, a criatividade dos executivos será colocada em prova. Infelizmente, nem sempre surgem as melhores ideias, ou melhor dizendo, as melhores ideias nem sempre seguem o caminho da ética e integridade.
A interação com as autoridades vai acontecer para o fornecimento emergencial de equipamentos médicos a Hospitais Públicos, para liberar as atividades da empresa das restrições de funcionamento, para geração de leis ou normas que preservem o negócio, concessões de linhas de créditos mais favoráveis e em muitos outros cenários. A pauta possível é longa e certamente estará justificada no que diz respeito ao contexto. Mas, as formas e os contornos desse relacionamento podem fazer muita diferença.
A estratégia das empresas, resultante do cenário imposto pela pandemia, pode abrir brechas para o descontrole do programa de compliance.
Aí vem o novo desafio para a área de compliance. Se fazer presente, mesmo em tempos de isolamento.
Paralelamente, a necessidade de continuar realizando a gestão administrativa de empresas – total ou parcialmente – por meio remoto/virtual, é sem precedentes e traz uma série de desafios diante de diversos riscos inerentes à ausência física como, por exemplo, os relacionados a segredos de negócio, segurança da informação, controles contábeis, manutenção de sistemas eletrônicos, dentre outros.
Em muitas empresas, o programa de compliance será colocado à prova. O gestor do programa de compliance deverá ter a habilidade de se fazer presente, sem estar presente, atuando como um monitor da integridade nas atividades empresariais, avaliando com celeridade as situações de alto risco para o negócio e apresentando rápidas soluções de mitigação, contando com o apoio da alta administração.
Saber discernir e dar prioridade a situações emergenciais em que estão em jogo a sobrevivência atual da empresa e o risco futuro para o negócio, será o diferencial entre o sucesso e o fracasso de todo trabalho realizado para demonstrar que o caminho certo, seja qual for a situação, é o da ética e integridade.